Atravessando as vielas do mercado apinhadas de gente, cachorros e riquixás, passando por barracas que cheiram a cardamomo e a óleo fervente, sob um céu tomado por fumaça escura, e seguindo o trajeto depois do fim da Linha Púrpura do metrô encontra-se um amontoado de pequenas casas com telhado de zinco onde Jai, de nove anos, mora com sua família.

Certo dia, uma notícia se espalha pelo bairro. Um colega de classe de Jai desapareceu. Tanto na escola como nas ruas, não há quem se lembre bem da última vez que o viu. Apesar do desespero da família, a força policial, que deveria ajudá-los, se mostra indiferente ao caso. 

É diante dessas circunstâncias que Jai decide usar suas habilidades de resolução de crime que aprendeu na TV para tentar encontrar o garoto por conta própria. Como todo detetive tem um assistente, os amigos Pari e Faiz são logo convocados para a missão, e, juntos, fazem listas de pessoas e de locais para investigar. 

Ao longo dessa aventura por lugares recônditos, onde habitam fantasmas e criaturas sobrenaturais, como os djinns, os jovens investigadores vão se deparar com uma injusta realidade: outras crianças somem na sequência e são igualmente relegadas pelas autoridades e por líderes comunitários e religiosos. Cada vez mais eles suspeitam que, para encontrar uma pessoa, primeiro é preciso enxergá-la como tal.

Baseado em incidentes reais e nos frequentes desaparecimentos que ocorrem na Índia metropolitana, Os detetives da linha púrpura é o retrato da bravura em tempos difíceis que combina suspense e emoção. Ao capturar a resiliência, a alegria e a vivacidade das crianças, Deepa Anappara constrói personagens que nos fazem lembrar que por trás dos números há sempre um rosto — e uma história.